A Ponta do Sambaqui é uma pequena península que alguns chamam de ilha, contando que a passagem que dá acesso ao bosque de pitangueiras é um antigo aterro. Pode-se imaginar que uma ponte melhor reafirmaria o bucolismo do lugar, mas, sem dúvida, a beleza do recanto não ficou comprometida.
O acesso é pela rota gastronômica que se inicia em Sto. Antônio de Lisboa e, à direita, vem acompanhando por 3 kms. a alameda beira-mar, enquanto o distrito já assume o nome de Sambaqui.
Sambaqui é a denominação que no Brasil se dá a um fenômeno que ocorre ao longo da costa, nos pontos em que o mar reúne restolhos de conchas de moluscos. Os sambaquis foram ocupados pelos primeiros habitantes do continente como processo rudimentar de mumificação, pois a abundância em cálcio, das conchas, retardava a consumação dos ossos daqueles pré-históricos que já procuravam alguma forma de eternidade.
Eterna é a beleza do rastro do pôr de sol se refletindo na Baía Norte ali naquele exato ponto onde a Ilha de Santa Catarina mais se distancia do continente e o mar ainda se mantêm tranqüilo e lacustre, como um espelho. No entanto, se o espetáculo atrai em qualquer época do ano, é no outono que a mescla da umidade da atmosfera e a luz oblíqua do sol produz mais espetáculos de cores no céu, se deslumbrando pelas águas calmas que margeiam o deck do Restaurante Pitangueiras (2), um privilegiado ponto de vista do bosque da Ponta.
Se a escolha do nome do restaurante homenageou os feixes de raios do Sol entre ramas e folhagens das árvores, em frente, e como que indicando a entrada para o caminho do bosque, há uma placa no jardim fronteiriço de uma casa pequena e modesta, bastante acolhedora: Pouso da Poesia (1).
Uma pousada? Para um dos mais belos pôr de sol que se tem no Brasil, sem dúvida. E de infalível poesia.
( Texto: Raul Longo pousopoesia@yahoo.com.br )
Tags: Cidade, gastronomia, lazer, natureza, passeios, turismo